quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Os ciganos regidos pelo Orixá Egunitá

 Ciganos e Ciganas 

Os ciganos regidos pelo Orixá Egunitá, Santa Sarah Kali-yê (padroeira do povo cigano), fazem parte de uma linha especial, pois tem seus rituais e fundamentos adaptados à Umbanda, já que eles remontam a um passado multimilenar e estão ligados ao próprio povo cigano, cuja origem parece ser do antigo Egito, da Europa Central ou da Índia. 

A saudação de Cigano 


egunita
Mãe Egunitá é a Divindade Cósmica assentada no pólo negativo (absorvedor) do Trono da Justiça Divina.

Na Umbanda, Egunitá é cultuada como o Orixá Cósmico que consome os vícios e desequilíbrios e faz a purificação dos templos religiosos, do íntimo dos seres e das suas moradas. Ela atua para nos defender das magias negativas e das injustiças, mas sempre a partir de uma autopurificação, para então nos renovar. Isto é, primeiro Ela faz uma purificação em nós mesmos, para nos renovar: purificação de conceitos e idéias antigas aos quais nos apegamos e que nos prejudicam; purificação dos nossos vícios de comportamento etc.
  
Mãe Egunitá nos traz uma face que faltava no estudo dos Orixás, como Divindade do Fogo Purificador e Renovador. Antes das informações trazidas por Pai Benedito de Aruanda, através da psicografia de Rubens Saraceni, não havia na Umbanda um estudo sobre um Orixá que representasse o Fogo da Purificação, o Fogo que destrói os desequilíbrios para trazer a renovação do ser. Esta renovação é justamente o aspecto característico da atuação de Mãe Egunitá e faz parte do seu culto, inclusive diferenciando-o de cultos anteriores, como veremos a seguir.   

O culto de Orixá vem da África, da cultura Nagô-yorubá. E nessa cultura não havia um Orixá que representasse a Mãe do Fogo. Falava-se numa “Iansã do Fogo” (Iansã-Egunitá ou Oyá-Egunitá) como uma Qualidade de Iansã, mas não se tratava de outro Orixá. Dentro dos Cultos de Nação, é muito antigo e de acesso restrito o culto de Iansã do Fogo, pois somente poderia ser praticado por uma menina virgem de 11 anos de idade, mediante oferenda específica, a qual exigia que se colhessem flores cortadas numa época determinada e dentro de alguns preceitos. Já na Umbanda o culto à Mãe Egunitá é bem diverso, dentro dos conceitos que Pai Benedito de Aruanda expôs. Primeiro, porque se trata de outro Orixá, de outra Divindade, não mais apenas de uma Qualidade de um Orixá já cultuado (no caso, Iansã). Depois, é preciso lembrar que essas Mães atuam de forma diferente: Iansã é movimentadora e direcionadora; enquanto Egunitá representa o Fogo Divino que consome os vícios e desequilíbrios, purificando e renovando os seres perante a Justiça e a Lei Divinas e lhes dando equilíbrio em todos os Sentidos da vida. Ou seja, “Iansã do Fogo” não é o Orixá Egunitá de que nos fala Pai Benedito de Aruanda. Pela mediunidade de Rubens Saraceni, Pai Benedito trouxe a informação de que no Astral se conhece uma Divindade Feminina do Fogo cujo nome sagrado não chegou ao nosso meio, mas que podemos chamá-la de Mãe Egunitá. Daí é que vieram o seu nome e o seu culto específico na Umbanda, como a Mãe do Mistério do Fogo.

Ainda dentro dos conceitos dos Cultos de Nação, outra Divindade Feminina que pode ser associada ao elemento Fogo é “Oxum do Fogo”, uma Qualidade da Mãe Oxum. Mas aí estamos falando de um “fogo líquido”, também diferente do Fogo Purificador de Egunitá, o qual tem o poder de consumir tudo no local onde se condensou.

Por outro lado, o sincretismo de Egunitá com Santa Sara Kali está ligado à idéia do “fogo destruidor” da Divindade Kali, cultuada na Índia. Mas o Fogo de Egunitá não apenas destrói negatividades e desequilíbrios: ele corta o que não é benéfico, mas para renovar, diferencial importante na atuação do Orixá Egunitá.

Para que Egunitá atue em nossa vida, basta que nos tornemos emocionalmente desequilibrados, irracionais, presos a conceitos que afrontam a Lei e a Justiça Divinas, e aí receberemos sua atuação Cósmica, para nos purificar e renovar. Seu Fator ígneo consome tudo ou retira o calor de tudo, resfriando o objeto sob sua atuação e paralisando seus desequilíbrios. Ela purifica os excessos justamente para renovar o ser.

Egunitá é associada ao Sol, ao planeta Júpiter e ao número 9.

Na Linha da Justiça, Egunitá polariza com Xangô. Formam um par puro do Fogo. Ele é o Pai e Ela é a Mãe desse Mistério. Mas há outras polarizações, que nascem da interação entre os campos da Justiça e da Lei: existe uma estreita ligação entre Justiça e Lei, pois quando se fala em Justiça logo se pensa na Lei que dá base para a atuação da Justiça; e quando se fala em Lei logo se pensa na Justiça que aplica a Lei. Pois bem.

Na Linha da Justiça da Umbanda temos o par puro do Fogo nos Orixás Xangô e Egunitá. E na Linha da Lei temos o par puro do elemento Ar nos Orixás Ogum e Iansã.  Xangô e Ogum são Orixás Universais e têm atuação passiva, isto é, irradiam de forma contínua e dão sustentação e amparo a todos os seres que vivem com equilíbrio os Sentidos da Justiça e da Lei, mas não forçam ninguém a isso. Já Egunitá e Iansã são Orixás Cósmicos e atuam basicamente atraindo os seres que se desequilibraram nestes Sentidos da vida, para corrigi-los e recolocá-los num caminho reto; embora também amparem aqueles que os vivem com equilíbrio.  

Esses quatro Orixás atuam de forma conjunta, entrelaçada, porque Justiça e Lei são inseparáveis. De modo que também formam pares mistos: a) Xangô com Iansã; e b) Ogum com Egunitá.  Iansã atua ao lado de Xangô como aplicadora da Lei nos campos da Justiça; e Egunitá atua ao lado de Ogum como aplicadora da Justiça nos campos da Lei. Portanto, Mãe Egunitá polariza com Xangô (par puro do Fogo e da Justiça) e também com Ogum (par misto Ar e Fogo, na Linha da Lei). O Ar de Ogum ordena, alimenta e expande o Fogo de Egunitá; e o Fogo Purificador de Egunitá consome e aquece o Ar de Ogum, de modo que se complementam.

Portanto, é na obra psicografada por Rubens Saraceni que encontramos o conceito e fundamentação sobre o Orixá Egunitá, a seguir resumidos:

Egunitá é nossa amada Mãe da Purificação. Regente Cósmica do Fogo e da Justiça Divina, é o Fogo que purifica os sentimentos desvirtuados, é a consumidora dos vícios e desequilíbrios e das energias dos seres fanáticos, apaixonados e emocionalmente desequilibrados.

Na África, Ela aparece como uma das Qualidades de Iansã; mas é em Si uma Divindade de mesmo nível, é Orixá.

Como Orixá Cósmico, Egunitá é sempre ativa e atuante no combate às magias negativas ativadas contra as pessoas, suas moradas e templos. Sua ação é fulminante. Sua energia é abrasadora e consumidora das concentrações energéticas negativas dos mais variados tipos (como formas pensamento, miasmas e larvas astrais), sendo temida pelos devedores da Lei e da Justiça. Em suas falanges de auxiliares incluem-se milhares de guerreiras da luz portadoras de espadas flamejantes, poderosos instrumentos no combate às trevas da ignorância. Nas linhas auxiliares da Esquerda a Pombagira do Fogo é uma de suas guardiãs trabalhando para as Linhas de Umbanda. Mesmo aqueles que não a conhecem, saibam que Egunitá os conhece e os tem como filhos; e se estiverem passando por dificuldades, diante da maldade gratuita, com certeza esta Mãe pode ajudá-los.

Egunitá e Xangô são Orixás Solares e formam um par puro do Fogo e da Justiça:

Pai Xangô é a chama que aquece o racional dos seres e abrasa os sentimentos íntimos relacionados com as coisas da Justiça;
Mãe Egunitá é o fogo da purificação, que consome os vícios e esgota o íntimo dos seres viciados.

Xangô gera o equilíbrio da Justiça;
Egunitá gera o fogo que consome os desequilíbrios.    

Xangô é a chama universal;
Egunitá é a labareda cósmica.

Xangô é o raio solar gerador de vida;
Egunitá é a chama solar que consome todos os elementos, em sua massa incandescente.

Xangô é abrasador;
Egunitá é incandescente.

Xangô é passivo e seu magnetismo gira para a direita;
Egunitá é ativa e seu magnetismo gira para a esquerda.

Xangô irradia-se em raios retos;
Egunitá irradia-se por propagação.

Xangô é irradiação contínua e chega a todos o tempo todo;
Egunitá propaga-se de forma Cósmica e suas fagulhas ígneas imantam tudo o que está desequilibrado, até se formar uma condensação magnética ígnea, com labaredas cósmicas que consomem os desequilíbrios, anulando sua causa e paralisando quem estava desequilibrado.
Lei e Justiça são inseparáveis e para comentarmos Egunitá temos de envolver Ogum, Xangô e Iansã, os outros três Orixás que também se polarizam e criam campos específicos nas Linhas da Justiça e da Lei.

Xangô e Ogum irradiam em linha reta (irradiação contínua, passiva ou Universal).
Iansã irradia em espirais (irradiação circular, ativa ou Cósmica).
Egunitá irradia por propagação (irradiação propagada, ativa ou Cósmica).

Xangô polariza com Iansã, e suas irradiações passivas se tornam ativas no Ar (raios).
Egunitá polariza com Ogum e então suas irradiações por propagação magnética assumem a forma de fachos flamejantes. Ogum lhe dá a sustentação do elemento Ar, que alimenta e também ordena as Irradiações de Egunitá como agente aplicadora da Justiça nos campos da Lei.  O inverso acontece com Ogum, que é passivo no elemento Ar e só se torna ativo no Fogo, que é o seu segundo elemento; pois o Fogo de Egunitá alimenta o Ar de Ogum, aquecendo-o e energizando suas irradiações.
Polarizada com Ogum, Egunitá aplica a Justiça nos campos da Lei Divina e consome os vícios emocionais e os desequilíbrios mentais que tornam os seres insensíveis à dor alheia e os transformam em tormentos para os seus semelhantes. As Divindades têm uma função a realizar, da qual nós sempre seremos beneficiários. Quando nos paralisam, Elas também estão nos ajudando, evitando que continuemos trilhando um caminho que nos conduzirá a um ponto sem retorno.

Há milênios existe na Índia o culto às Divindades Kali e Agni.  No panteão hindu, Agni é o Fogo no aspecto positivo e Kali é o Fogo em seu aspecto negativo (purificação das ilusões humanas).

Agni é o Fogo da fé e Kali é o Fogo das paixões humanas.
Agni é o pólo masculino e Kali é o pólo feminino.
Agni é passivo e irradiante e Kali é ativa e atratora.
Agni ilumina o ser e Kali o toma rubro.
Agni é o raio dourado e Kali é o raio rubro.
Agni é a serpente flamígea da Fé e Kali é a serpente rubra da paixão.
Agni é a chama que aquece e Kali é o braseiro que queima.

Recorremos às Divindades hindus Agni e Kali para mostrar como um mesmo elemento possui dois pólos, duas naturezas, duas formas de nos alcançar e estimular, ou então de nos paralisar; de acelerar, ou de paralisar nossa evolução; de estimular nossa fé, ou de esgotar nossos emocionais desequilibrados.

Agora, se colocarmos no lugar de Agni o nosso amado Orixá Xangô e no lugar de Kali a nossa amada Mãe Egunitá, teremos os mesmos aspectos divinos, mas irradiados por Divindades humanizadas em solo africano. Teremos a Linha pura do Fogo Elemental, cujas energias incandescentes e flamejantes consomem os vícios e estimulam o sentimento de justiça. As qualidades, atributos e atribuições de Xangô e Egunitá são estas: aplicar a Justiça Divina em todos os Sentidos da Vida.
Da leitura desse texto, podemos fazer uma observação:
Cada povo, cada cultura enfim, percebe ou entende e cultua as Divindades de Deus conforme a sua visão particular de mundo e de vida. Pois Deus não cria Divindades “especiais” para cada religião inventada pelo homem. Nós é que interpretamos a mesma Divindade ou o mesmo Mistério Divino de formas diferentes. Nenhuma religião é ”dona” das Divindades ou “dona da verdade”. Mas todas as religiões são igualmente importantes em agrupar pessoas com pensamentos e entendimentos afins a respeito do Criador e da Criação. No final das contas, cada um de nós “olha para Deus de baixo pra cima”, vislumbrando a Criação como podemos, a partir da nossa realidade humana e tentando entender tudo a partir dessa perspectiva. E por isso a nossa visão será sempre limitada. Há outras realidades, outras dimensões etc. Alguém já disse: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia”. Apenas o Criador pode olhar o Todo de uma posição equidistante (e o desenho de um círculo com um ponto no meio representa isto: Deus, o Pai-Mãe de tudo e de todos, colocado na Criação numa posição igual para todos, a uma mesma distância, sem ter “privilegiados”). 

Enfim, nem todos cultuam o Orixá Egunitá, mesmo na Umbanda. Muitos permanecem cultuando “Iansã do Fogo”. Haveria certo e errado, nessa questão? Pensamos que não. O importante é caminharmos no sentido de buscar um entendimento da vida e de nós mesmos, como algo que vai muito além da carne e dos sentidos físicos. Fazer isso de forma sincera, de todo o coração, e com amor pela nossa vida e pela Vida Maior. E sempre respeitando as crenças alheias. O importante é que os Orixás nos amam, nos conhecem e nos reconhecem como Seus filhos, independente do modo como nos dirigimos a Eles. Como Divindades de Deus, os Orixás zelam pela Criação desde sempre e para sempre. A maneira pela qual entendemos Deus e Suas Divindades não Os modifica, não modifica e não diminui o Poder de Deus e nem o Amor das Divindades para com todos os seres da Criação.
Características dos filhos de Egunitá:

No positivo: São pessoas ativas, emotivas, impulsivas, reparadoras, falantes e geniosas.
Apreciam as conversas reservadas; os espetáculos emotivos; as reuniões de estudo, de orações, políticas; a companhia de pessoas passivas e de homens que as incandesçam. Gostam de passear, de se vestir bem e com roupas coloridas ou de cores fortes.
Não apreciam pessoas presunçosas, arrivistas (inescrupulosas) e preguiçosas, bem como festas monótonas, conversas tolas, comidas insossas e bebidas adocicadas.
No negativo: tornam-se egoístas, briguentas, intrigantes, vingativas, insensíveis e teimosas.


Quando oferendar: Para pedir ao Fogo Purificador que consuma energias negativas, vícios, excessos emocionais e cordões negativos que estejam envolvendo a nós mesmos e/ou aos nossos templos e moradias.

 Amaci de Egunitá:
Água da fonte com pétalas de rosa cor-de-rosa, folhas de alecrim e de arruda maceradas e curtidas por 3 dias.

Modelos de Oferendas:
1- Fazer um círculo com 7 velas brancas, 7 vermelhas e 7 de cor laranja (ou amarelas). Dentro deste círculo, colocar rosas vermelhas (ou flores do campo vermelhas e/ou alaranjadas). Despejar um pouco de licor de menta dentro do círculo das flores. Cortar ao meio um maracujá e colocar as duas metades dentro do círculo de flores: uma com água e a outra com azeite de dendê (ou com azeite de oliva consagrado). Firmar as velas e pedir a bênção da Mãe Egunitá.


2- Um copo com licor de menta, um copo com água mineral e um copo com vinho tinto; 1 pemba branca e 1 vermelha; palmas vermelhas e flores cor laranja; 1 vela palito de cada uma destas cores: laranja, vermelha, branca, amarela e azul escuro. Fazer um círculo com as flores e no meio dele formar um triângulo com os copos das bebidas. Dentro deste triângulo, colocar as pembas. Circular tudo com as velas, dispondo-as de forma alternada (laranja, vermelha, branca, amarela, azul). Firmar as velas e fazer o pedido à Mãe Egunitá.

3- Velas de cor laranja, vermelha e dourada; frutas: laranja, tangerina, mexerica, laranja kinkan; bebida: licor de menta; flores vermelhas e laranja. (Do site do Templo da Luz Dourada, de Mãe Mônica Berezutchi.)

4- Do livro “Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada”, de Rubens Saraceni:
Elementos: um copo com licor de menta; um copo com água; 1 pemba branca, 1 pemba vermelha; 7 velas vermelhas, 7 velas douradas, 7 velas azuis, 7 velas amarelas e 13 velas brancas.
Montagem: Fazer uma cruz com as velas brancas, colocando 7 na vertical e 3 de cada lado, na horizontal.
No canto superior direito da cruz, colocar as 7 velas douradas. Isso vai formar um triângulo com as velas brancas do centro superior e as do braço direito superior (horizontal) da cruz. Dentro dele, colocamos o copo com licor de menta;
No canto inferior direito da cruz, colocar as 7 velas azuis. Isso vai formar outro triângulo, este com as velas brancas da vertical inferior e as do braço direito horizontal da cruz. Dentro deste triângulo colocamos a pemba branca. No canto superior esquerdo da cruz, colocar as 7 velas vermelhas. Elas vão se juntar às velas brancas da parte vertical superior da cruz e às velas brancas do braço horizontal esquerdo da cruz, formando outro triângulo de velas. Dentro dele, colocamos o copo com água;
No canto inferior esquerdo da cruz de velas brancas, colocamos as 7 velas amarelas. Isso vai formar mais um triângulo de velas. Dentro dele, colocamos a pemba vermelha.
Em seguida, cercar a oferenda com palmas vermelhas. Depois, saudar Mãe Egunitá e pedir a proteção almejada.
Sempre que oferendamos o Orixá Egunitá, antes devemos fazer uma oferenda à Senhora Pombagira do Fogo. Esta oferenda será posta à esquerda do lugar escolhido para a oferenda ao Orixá (ex.: 7 passos à esquerda), e com estes elementos: rosas vermelhas, velas vermelhas e champanhe rosê.

Cozinha ritualística:
  
1- Fava vermelha: Cozinhe ligeiramente uma porção de fava vermelha apenas em água. Escorra. Em outra panela, refogue 1 dente de alho picadinho, 1 cebola picadinha e 1 colher de azeite de oliva (ou de dendê). Acrescente sal a gosto e refogue ligeiramente a fava já cozida. Decorre uma gamela com tiras de cenoura e pedacinhos de gengibre, ou então com flores vermelhas ou de cor laranja, e aí coloque a oferenda.
  
2- Laranja com gengibre: Use 1, 3 ou 9 laranjas. Lave e seque as laranjas. Descasque, retire as sementes e reserve a casca. Corte cada uma das laranjas em 9 tiras ou pedaços.
Prepare uma calda (com água e açúcar), leve ao fogo e deixe começar a engrossar. Coloque as laranjas nessa calda para aferventar (uns 5 minutos) e acrescente gengibre em pedacinhos ou em pó. Retire. Sirva numa gamela (de madeira) forrada com as cascas de laranja que estavam reservadas (corte as cascas em tiras, ou em pedacinhos, como preferir). Decore com pedaços de gengibre. [*Obs.: A mesma receita pode ser feita com limão, no lugar da laranja.]
  
3-Moranga com peito de boi- Ingredientes: 1 moranga; meio quilo de carne de peito de boi; tomate, cebola, dendê; meio quilo de fava vermelha; cheiro-verde, orégano.
Preparo: Cortar uma tampa da moranga e retirar as sementes. Lavar e cozinhar por uns 10 minutos (numa panela com água suficiente para cobrir a moranga). Reservar. Cozinhar a fava apenas com água, por uns 10 minutos. Escorrer a água e reservar a fava cozida. Refogar a cebola e o tomate picadinhos e ali cozinhar o peito de boi cortado em cubinhos, por uns 10 minutos. Acrescentar 1 colher de sopa de dendê e temperos (cheiro-verde, orégano), para finalizar. Colocar a carne na moranga e cobrir com a fava. Oferendar num prato de papelão forrado com folhas de cenoura (a rama da cenoura).
  
4- Feijão de corda- Ingredientes: meio quilo de feijão de corda; meio quilo de quiabo cortado em rodelas; 1 cebola picada; azeite de dendê. Preparo: Cozinhar o feijão apenas em água, por 10 minutos. Escorrer e reservar. Refogar ligeiramente o quiabo com a cebola, o dendê e o feijão cozido. Colocar tudo numa gamela, ou num prato de papelão. Forre o vasilhame escolhido com folhas de agrião (ou com galhos de arruda) previamente lavadas. Colocar a oferenda e regar com dendê.
  
5- Sobre um punhado de folhas de arruda previamente lavadas e enxutas (ou sobre rama de cenoura), oferendar nove acarajés. Enfeitar com flores vermelhas ou de cor laranja, ou ainda com girassóis.

Alguns Caboclos de Egunitá: Caboclo Mata de Fogo (mata=Oxóssi; fogo= Egunitá), Caboclo do Fogo (de Xangô e Egunitá), Caboclo Pedra do Fogo (de Oxalá, Xangô e Egunitá), Caboclo Folha de Fogo (folha=Oxóssi; fogo= Xangô e Egunitá).

Alguns Exus de Egunitá: Exu do Fogo (de Xangô e Egunitá), Exu Folha de Fogo (folha= de Oxóssi; e fogo= de Xangô e Egunitá), Exu Corta Fogo (corta= de Ogum; e de Xangô e Egunitá= fogo), Exu Labareda (Xangô e Egunitá).

Algumas Pombagiras de Egunitá: Pombagira do Fogo, Pombagira Fogueteira (de Egunitá e Iansã), Pombagira Machado do Fogo (de Xangô e Egunitá).

Divindades assemelhadas:
Héstia — Divindade grega (a Vesta romana) muito antiga e adorada como deusa do lar. Está presente no fogo da lareira, que é o centro do lar; sem ela não havia nem a comida e nem o calor que nos aquece no frio; ela é o próprio fogo. Protegia a família e a ordem social, também evocada para dar os nomes às crianças.
Kali — Divindade hindu “negra” da destruição e purificação. Representa o elemento fogo, com sua língua roxa. Não usa roupa e seu corpo é coberto por longos cabelos negros. Usa um colar de caveiras, tem quatro braços e leva em cada mão armas de destruição e uma cabeça sangrando. É a devoradora do tempo.
Enyo — Divindade da guerra em seu aspecto de “destruidora”, o que a remete a uma
condição de Divindade da ­purificação.
Sekmet — Divindade egípcia (“a poderosa”) traz em si as qualidades de purificadora dos vícios e esgotadora daqueles caídos no mal. Representada por uma mulher com cabeça de leoa encimada pelo disco solar, representando o poder destruidor do Sol, é aquela que usa o coração com justiça e vence os inimigos.
Brighid — Divindade celta do fogo, seu nome significa “luminosa”. Filha de Dagda (o bom deus) tinha aspectos tríplices. Deusa da inspiração e poesia para os sacerdotes, protetora para os reis e guerreiros, senhora das técnicas para artesãos, pastores e agricultores. É também aquela que traz a energia, motivação e potência. Uma vida sem o calor de sua chama perde o sentido e torna-se insípida.
Shapash — Divindade babilônica, deusa do sol, a forma feminina de Shamash, muitas vezes chamada de “a tocha dos deuses”.
Lamashtu — Divindade sumeriana, “A filha do céu”, deusa com cabeça de leão (assim como Sekmet) que possuía imenso poder destruidor e purificador.
Ponike — Divindade húngara do fogo.
Pele — Divindade havaiana guardiã do fogo, é padroeira do Havaí. É ainda a senhora das manifestações vulcânicas. Tem como morada o vulcão Kilauea.
Si — Divindade russa, solar, evocada para punir quem quebrava juramentos.
Fuji — Divindade japonesa do fogo vulcânico, padroeira do Japão. Habita no monte Fujiyama, o mais alto do Japão, ponto de contato entre o céu e a terra.
Sundy Mumy — Divindade eslava, “Mãe do Sol”, ela é quem aquecia o tempo e dava força a seu filho Sol.
Oynyena Maria — Divindade eslava do fogo, “Maria do Fogo”, companheira do Deus do Trovão.
Ananta — Divindade hindu, Senhora do fogo criador e da força vital feminina. Seu nome significa “o infinito”, aparece como uma grande serpente e em muito se assemelha a serpente do fogo Kundaline, para muitos também uma divindade feminina do fogo. (Fonte: O livro “Deus, Deuses, Divindades e Anjos”, de Alexandre Cumino, Ed. Madras.)


TRONO      
FEMININO DA JUSTIÇA
Linha
Justiça
Fator
Purificador (fator puro) e Equilibrador (fator misto)
Campos de atuação
Justiça e Lei
Elemento
Fogo (1º Elem.) e Ar (2º Elem.)
Polariza com
Xangô (par puro do Fogo e da Justiça);
e também com Ogum (par misto Ar/Fogo da Lei e da Justiça)
Atributo
Justiça, Purificação
Ação
Consumidora, purificadora e energizadora
Cor
Laranja, dourado, vermelho
Fio de Contas
Feito de cristal ou de pedras laranja; ou bicolor laranja e vermelho; ou bicolor laranja/dourado.
Ferramentas 
Taça, espada e caldeirão feitos de cobre

Ervas
Açafrão (raiz), agrião, alfavaca, arnica do mato, arruda, alecrim, artemísia, buchinha do norte, calêndula flor, canela, carapiá, chapéu de couro, casca de laranja amarga, cipó São João, comigo-ninguém-pode, erva de Santa Maria, eucalipto, guaraná semente, imburana semente, incenso resina, jurema preta, manjericão, manjericão roxo, mentruz, folhas de cânfora, folhas de laranjeira, folhas de limão, folhas de louro, fumo (tabaco), pára-raio, talos e folhas de cenoura, tiririca, urucum, menta, noz moscada, gengibre.Banho para energizar: Folhas de cenoura, calêndula e limão rosa (cf. Adriano Camargo).
Observação: Não se faz banho com o comigo-ninguém-pode e nem com a resina de incenso porque são tóxicos para a nossa pele. Ambos se utilizam apenas em defumações (e secando previamente as folhas do comigo-ninguém-pode, ao ar livre).
Símbolos
A espada; a estrela de 6 pontas cruzada ao centro; o raio
Ponto na Natureza

As pedreiras e os caminhos.
Flores
Lírio cor de laranja, girassol, begônia, flores do campo de cor laranja ou vermelha, rosas e palmas vermelhas.
Essências

Laranja, tangerina, cravo, canela, gengibre, rosa vermelha
Pedras
Ágata de fogo, topázio e calcita laranja. Dia indicado para a consagração: 3ª-feira. Hora indicada para a consagração: 23 horas.       
Metais e Minérios
Metal: Cobre.
Minério: Magnetita.
Dia indicado para a consagração: 5ª-feira. Hora indicada para a consagração: 17 horas
Chacra
Esplênico.     
Saúde
Portais de Cura             
Estômago, fígado, vesícula biliar e sistema nervoso.

Calcita laranja (pedra), rodelas de limão cravo, velas laranja,   
 velas vermelhas, carvão mineral e azeite de dendê (cf. Adriano Camargo)
Planeta
Sol e Júpiter.
Dia da Semana
5ª-feira.
Saudação
 “Kali-Yê, minha Mãe!”
Bebida
Licor de menta, suco de laranja, suco de limão, suco de tangerina, suco de gengibre.
Comidas
Caqui, manga, morango, tangerina, laranja, limão cravo, melão, mamão, mexerica, gengibre, moranga, cenoura, quiabo, fava vermelha.
Número        
09
Data Comemorativa
24 de maio
Sincretismo
Santa Sara Kali, celebrada na Umbanda em 24 de maio.
Também sincretiza com Santa Brígida.
http://www.seteporteiras.org.br/index.php/os-orixas/egunita

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