terça-feira, 11 de novembro de 2014

rituais ciganos


 NASCIMENTO

Nós entendemos que cada criança que nasce traz para o mundo novos elementos do Universo e uma mensagem de paz para a humanidade. Também é sinal de continuidade e reforço do grupo. Por isso, a mulher grávida recebe um tratamento especial. O nascimento é motivo para uma festa com duração de até 5 dias, principalmente o do primeiro filho, pois representa a consolidação e a descendência de uma nova família nuclear. O pai ganha prestígio, autoridade, responsabilidade e privilégios, iguais aos de qualquer outro adulto casado, mesmo que seja muito velho. 
O ciganinho ou ciganinha geralmente possuirá TRÊS nomes:
  • PRIMEIRO: É o nome SECRETO, soprado pela mãe no ouvido do bebê na primeira mamada, chamada “dgdbao-kalibó” (leite negro) pelos ciganos Calon. Ele só será conhecido pela mãe. Servirá para preservá-lo das tentações dos demônios, dos entes e “duendes”, pois os maus espíritos para azucrinar as pessoas chamam pelo nome e a pessoa olha. A atenção e o olhar destroem as defesas. Assim os ciganos não olham e nem dão atenção, porque ignoram o seu primeiro nome. Este nome só lhe será revelado por ocasião do casamento. Só mãe e filho poderão sabê-lo;
  • SEGUNDO: É o de BATISMO e será do conhecimento de todos. A criança poderá ser batizada em várias religiões, (pois cremos que o batizado trás sorte) apesar do RITUAL DOS NOMES ser o verdadeiro batismo cigano. Com o batismo começa a ser forjada a identidade cigana; nosso primeiro mistério e a relação diferenciada com o mundo dos não-ciganos. O ritual de batismo é muito especial, correspondendo ao ingresso da criança na sociedade: as avós e/ou tias tratam de BANHAR a criança num tacho ou bacia de cobre com uma infusão de ervas (alecrim, manjericão etc), tendo no fundo muitas jóias de ouro e moedas, para que seu futuro seja próspero, além de representar a riqueza da vida e a importância do bebê. Ele será apresentado à lua para que o tome como “madrinha”. Para o nosso povo, qualquer criança é um presente de Deus e, por isso, deve ser purificada assim que vem ao mundo. Nosso povo tem um inexcedível amor às crianças. Um casal cigano tem em média de 4 a 8 filhos;
  • TERCEIRO: Confina-se a ser usado nos PAPÉIS LEGAIS e ao convívio com os não-ciganos. Em muitos grupos é comum a identificação através de um apelido. Para a mulher cigana, a maior infelicidade de sua vida é ser DY CHUCÔ (ventre seco), ou seja, estéril. Nascendo o primeiro filho, os esposos são considerados família autônoma e célula viva do grupo, especialmente o homem, que ganha prestígio, autoridade, responsabilidade e privilégios. Com a maternidade a mulher ocupa seu novo e verdadeiro espaço no grupo. A criança que nasce é também filho da família, do clã e da etnia.
Nota: Antigamente a criança só cortava os cabelos aos oito anos. Quem cortava era o padrinho.

CASAMENTO

O cigano só é considerado um ROM de verdade, quando se CASA, tem FILHOS e constitui FAMÍLIA. A cigana (BURNIN, BUSNÉ) só será considerada realmente CASADA depois do nascimento do primeiro filho. O casamento é tão importante que é considerado um ponto de honra. Numa festa de casamento a alegria só é interrompida por um momento de tensão: o “rontamento”. Após a relação sexual, a noiva entrega às mulheres mais velhas da família do noivo, uma espécie de anágua ou o lençol manchado de sangue. Só então a tensão se desfaz e a festa continua. Não sendo virgem poderá ser repudiada pelo marido e pelo grupo. Muitas pessoas me perguntam: “E se não sangrar?” Nesse caso, uma “Phuri Dai” (cigana idosa, matriarca) será chamada para examinar a noiva. Ela dirá se a moça era virgem ou não. Como ela sabe, é um dos segredos do nosso povo... A virgindade, considerada hoje um “tabu superado entre adolescentes não ciganas”, é mantida entre nossas moças por entenderem assim: “Só darei meu corpo a quem eu der a minha alma também”. Antes da crítica à atitude firme de nossas moças, ela deve ser vista com louvor diante da época tão corrompida de hoje, de uma sociedade tão permissiva e relaxa.
Ciganos casam-se cedo (hoje entre 14 e 16 anos) para preservar sua cultura e valores. Mas não são raros os casamentos de ciganas aos 10 anos de idade. Incentivamos o casamento entre os membros de nossa etnia, pelo fato da filosofia de vida entre um cigano e um não-cigano ser tão violentamente diferente, que seria difícil a união dar certo. Ao contrário do que muitos pensam a paixão e a sensualidade nem sempre estão presentes nos casamentos. O romantismo dá lugar a critérios mais objetivos, como por exemplo, a capacidade da futura noiva para ganhar dinheiro, ou a habilidade no noivo para os negócios. A mãe da noiva tem direito de opinar sobre a conveniência daquela união. Hoje os filhos também podem não aceitar (mas dificilmente o fazem), primeiro porque respeitam os mais velhos, segundo por acharem que o casamento é o maior presente que os pais poderão lhes dar, após ter-lhes dado a vida. O celibato é mal visto e, adultério, poligamia e homossexualismo são intolerados! Nem guerras, nem crises ou revoluções merecem mais atenção do que o casamento, aquilo que realmente altera a estrutura da família cigana - base de nossa própria organização social -.
Por ser considerado tão importante, o casamento é um ritual complexo, que envolve uma preparação especial, podendo o noivado durar de alguns dias a meses. É verdade que existe o DOTE: ele é combinado entre os pais, podendo a negociação ser mediada por um barô (líder, chefe) e pago como compensação pela perda da filha, que passa a pertencer a família do marido, só voltando se enviuvar. Quanto maior for a beleza e as virtudes de uma cigana, maior será seu dote.
Atualmente, o “dote” é simbólico, e os presentes dos noivos (geralmente dinheiro) são postos num tacho de cobre ou numa urna de barro (kufia). Em alguns clãs, após o casamento os noivos atiram uma taça, pote ou um prato no chão, supondo que o amor só acabará “quando os cacos se juntarem”. O casamento cigano ainda é um dos poucos indissolúveis que existem (são raras as separações) e as mulheres são extremamente fiéis e dedicadas aos respectivos maridos. Como já disse o adultério e a bigamia não são tolerados.
abiel romanô (festa de casamento) dura em média 3 dias e começa com a armação de duas tendas, cada qual com uma bandeira em cima. O primeiro dia é dedicado à preparação das comidas; no segundo acontece uma reunião na tenda da noiva e a distribuição de flores para os noivos, começando pelos pais e estendendo-se aos demais convidados; no terceiro dia, acompanhado pelo pai e empunhando uma bandeira vermelha (que simboliza a honra), o noivo vai à tenda da noiva, onde entrará “forçando” a passagem. Lá dentro é convidado a beber com os pais dela, começando um diálogo preestabelecido. A certa altura do diálogo, a jovem será erguida acima da mesa e entregue a ele. As mãos de ambos serão unidas por um pano vermelho, ao mesmo tempo em que um ancião faz votos de felicidade e lhes entrega um pedaço de PÃO (simbolizando o corpo de Cristo) com SAL (para afastar os maus espíritos). Geralmente é um kaku ou uma phuri daí quem oficializa o casamento, muito embora os ciganos venham também optando pelo casamento católico. No final da festa a noiva retorna à casa dos pais, onde haverá outra festa mais íntima: ela receberá o DICRÔ(lenço de cabeça, símbolo da mulher cigana casada), significando que ela tornou-se uma BORI ou BORIA (nora, uma filha para a família do marido). Só então se mudará para a casa do marido e o casamento será consumado.
A cerimônia é mercada pela fartura de comida, bebida, dança, música e alegria. O casamento objetiva a prole, de forma que a esterilidade é considerada uma maldição!

Notas:

- A cada dia ocorrem menos casamentos por prometimento. Mas se uma cigana foge com um homem que não pertence a comunidade, cigano ou não, ainda corre o risco de ser punida. Fugir tornou-se um recurso para evitar casamentos indesejados.  A cigana fugitiva, será procurada por 2 dias e se encontrada, poderá ser até morta. Quarenta e oito horas após a fuga poderão retornar e justificar-se perante seu povo. Terá de ter mantido a virgindade. Por uma dessas “fugas”, recentemente em Campinas (São Paulo), os pais de uma cigana tiveram que “indenizar” os pais do noivo pretendente a bagatela de 100.000 dólares;
- As datas dos casamentos são estabelecidas pelas mães e madrinhas que elegem, sempre, o período fértil, já que a procriação é idéia fixa nas famílias ciganas;
- Em muitos grupos, a gestante, objeto diuturno de atenções, desvelos e projeções é preservada até de ver e de ouvir fatos desagradáveis (aleijões, notícias de morte, máscaras e fotografias feias, etc), pois acreditamos que influenciariam negativamente na gestação;
- Ela deve ficar cada vez mais bonita, gorda, viçosa, alegre, movimentada, feliz, dado que os ciganos têm como certo que a gestante partilha o seu corpo e sua alma para completar o corpo e a alma da futura criança;
-Embora a Kris Romaí não participe do compromisso de casamento, mas reconhece-o como ato perfeito, caso exista uma separação entre os cônjuges, determinará quem fica com os filhos, e também a partilha de bens, que o marido separa e a esposa escolhe com as respectivas famílias.

MORTE

Nosso povo não se deixa abater por lágrimas e tristezas, pois a ALEGRIA é nosso mandamento maior. Não encaramos a morte como os gadjôs.  A morte é para nós um tema sagrado. No além, pátria eterna dos mortos, habitam aqueles ciganos que estão investidos de todo poder, e a eles é confiado o destino da comunidade. Os mortos são a ponte entre Deus e os homens; devem ser respeitados e cultuados.
Apesar desta visão, na morte e no luto é que vemos mais vibrante o amor cigano pelos seus. Todos choram, gritam, lamentam, fazem discurso e elogios ao falecido, exaltando suas qualidades. Acendemos velas e contratamos um enterro digno. O corpo é velado por dois dias, quando então chamamos o “religioso” para encomendá-lo. Depois se queima seus pertences. Antigamente queimava-se até seu vurdon (carroça) e abatia-se seu cavalo. Se o morto é o marido, a mulher se descabela e dá gritos inenarráveis, parecendo o fim do mundo! Guardará o luto em definitivo, nunca mais tirando o dikrô da cabeça.
Nos funerais pedimos pouco pelo descanso da alma; os ritos de enterro têm por finalidade apaziguar o defunto. Para nós, o pior é ser mal enterrado. Por este motivo, nos cemitérios, as sepulturas dos ciganos são as mais bonitas e as mais ornamentadas.
 Dependendo do grupo, no terceiro ou nono dia acontece os rituais da POLMANA: uma reunião de família em torno de uma grande mesa, na qual três turmas de convidados se revezam. Na cabeceira da mesa senta-se alguém representando o falecido (em outros grupos a cadeira ficará vazia), vestido com a roupa que ele mais gostava, sendo referenciado por todos e servindo-se em primeiro lugar. Depois os homens são os primeiros a tomarem assento. À luz de 41 velas rezamos por seu espírito e comemos os pratos preferidos dele, num gesto que objetiva lhe dar “força” para a nova caminhada. O ritual de polmana é uma espécie de “missa” em que se pede perdão e misericórdia a Deus em nome do falecido. Após o almoço, juntamos os restos de comida e os depositamos sobre uma toalha aberta, na margem de um rio ou junto a uma cachoeira. Ato contínuo, uma cigana lança nas águas um barquinho com três pãezinhos ou rosquinhas de farinha de trigo, onde no meio terá uma vela acesa. Esta oferenda representa o sopro e a benção de Deus. Acreditamos que assim, o morto saciado de fome e de sede, se desprenda dos bens terrenos. O barquinho levará sua alma através das águas e a vela fará luz, afugentando os espíritos das trevas.
Repetimos o ritual 40 dias depois, período em que acreditamos que ele ainda poderá está andando pelo mundo até perceber que morreu. Os mortos são dignamente respeitados e, em respeito a eles, daí em diante todos evitam pronunciar seu nome, principalmente à noite. Quando acontece de se falar sobre o morto, dizemos – aqui em Romani -: Thie Avel Hertô (Que Deus o salve e o guie). Alguns grupos repetem este ritual no sexto mês, no primeiro ano e, depois nos dias de finados. Somos reencarnacionistas e acreditamos que, “quem nasce cigano em uma vida será assim por todas as outras sucessivas”.
Celebramos também o aniversário de morte, porém no dia 1º de novembro, fazendo a festa de “Todos os Santos”, constituindo-se uma ocasião para uma reunião dos familiares.
Para ir para o céu, um cigano não deve ter blasfemado muito o nome de Deus e não deve ter matado ninguém.

Notas:

- a POLMANA costuma ser descrita por nove entre dez ciganólogos como se fosse comum a todos os ciganos, quando na realidade se trata apenas de características culturais Kalderash, embora todos os outros grupos ciganos possuam ritos de “passagem”.
- Quando se trata da morte de uma pessoa jovem, uma moça virgem ou de uma criança, soltamos também uma pomba branca no ritual da polmana, simbolizando a pureza;
- as mulheres Calon, por ocasião do falecimento do marido, cortam o cabelo e vestem-se de luto. Muito raramente a viúva se casará outra vez. O tio materno assumirá e responderá pela família.
A cultura Kalderash, praticamente a única conhecida do grande público não-cigano é apenas uma das inúmeras sub-culturas ciganas hoje existentes em todo o mundo, cada uma das quais com características próprias, resultantes de histórias diferenciadas de convivência, quase nunca pacífica, com as mais diversas sociedades e culturas.http://culturaciganah.blogspot.com.br/




Rituais sabe alguém não é capaz de levar o cabelo solto xq só liberar quando os pais morrem e apenas por 40 dias, o cabelo dela respresent luto. 
Ainda mantêm o hábito de vender para pagar 10 Ducatos Roma. . algo como 10 mil pesos momedas, então Roma no valor de cerca de 3200 dólares ou 2000 € (pelo menos na minha área). 
Outro ritual que tenho é que o dia 06 de janeiro leitões xq cozinhar celebrar o Dia dos Mortos, e quando a carne é cozida para soltar começa à esquerda no chão, porque ele diz que é para os mortos. 
costumes têm muitas mais essas mulheres não podem interromper o homem quando ele fala, e se há vários reunião deve andar atrás deles, não estão autorizados a passar na frente deles. 
E o costume é mais conservada de escapar antes do casamento fazer tudo isso. 

http://centrodeartigos.com/

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